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Mais de 5 mil pessoas atendidas no Projeto de Combate à Malária
As campanhas preventivas de 2020 beneficiaram comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas de Oriximiná
Apesar da pandemia, as duas campanhas deste ano do Projeto de Combate à Malária tiveram grande êxito. Foram atendidas 22 comunidades da região do Alto Trombetas 1 e 2, e das aldeias indígenas Tawanã e Chapéu, no município de Oriximiná, oeste do Pará, com ações de borrifação e pulverização intradomiciliar. A iniciativa faz parte do Programa de Educação Socioambiental (PES) da Mineração Rio do Norte (MRN) em atendimento a condicionantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A ação tem sido essencial para prevenção, controle e combate à malária, buscando contribuir para a redução da mortalidade infantil e adulta das comunidades. Em 1999, quando o projeto foi implantado, havia 1.126 casos da doença. Já no ano passado, foram registrados 87 casos. “Para nós, esse projeto é muito importante porque, através desse trabalho, o mosquito que transmite a doença é eliminado”, declara Manoel Pereira dos Santos, da comunidade Cachoeira Porteira.
Para realizar os atendimentos, os agentes comunitários percorrem mais de 100km, visitando casa por casa na região do Alto Trombetas. Com a permissão do morador, a equipe aplica inseticida nas paredes da casa. Já na área externa é feita aplicação do fumacê com o objetivo de eliminar os mosquitos infectados para evitar o risco de transmissão da malária. “Acho muito bom a Mineração ajudar, trabalhando e defendendo a aldeia da malária”, comenta Mayca Wai Wai, moradora da Aldeia Tawanã
Para evitar aglomerações, este ano não foram realizadas ações educativas. “Esperamos retomar essas atividades no próximo ano. Nas duas campanhas que tivemos, as atividades foram bem intensas com borrifação e fumacê no início da tarde e próximo ao amanhecer com o objetivo de diminuir a presença do mosquito transmissor”, explica Edmundo Barbosa, coordenador técnico de Saúde Pública da MRN. Ele também reforça que sempre o melhor caminho é o da prevenção. “Pedimos aos moradores das comunidades que adotem todas as medidas preventivas da malária e da covid-19, mantendo o distanciamento social, evitando visitas em comunidades afetadas pela doença e seguindo todas as orientações dos especialistas”, recomenda.
Para Valdelina Viana, agente Comunitária de Saúde de Cachoeira Porteira, esta ação de controle, que também contará com o suporte da prefeitura de Oriximiná para implantar um laboratório de base , vai melhorar bastante e reduzir os casos de malária. “Queremos uma comunidade sem malária. A prefeitura também nos apoiará, montando um laboratório de base para fazer o controle do mosquito e teremos novo microscópio”, comemora Valdelina Viana.
Medidas para o combate ao mosquito transmissor da malária:
- Reaproveitamento dos ouriços de castanha, utilizando-os na fabricação de biojoia e artesanato e também na queima como lenha e carvão para cozinhar. Isso serve para evitar o acumulo de água, principalmente, no inverno.
- Manter o ambiente limpo ao redor da casa.
- Usar mosquiteiro e repelentes.
- Evitar pescar ou tomar banho de rio e lagos ao anoitecer ou amanhecer, horários comuns do aparecimento dos mosquitos.
- Usar roupas que protejam pernas e braços.
Nascimento de 30 mil quelônios abre novo ciclo de conservação
Apesar da pandemia, temporada 2020 do Programa Quelônios do Rio Trombetas manteve voluntários engajados com a proteção de espécies
Os primeiros 30 mil filhotes de tracajás (Podocnemis unifilis), pitiús (P. sextuberculata) e tartarugas-da-amazônia (P. expansa) da temporada 2020 do Programa Quelônios do Rio Trombetas (PQT) nasceram até o momento na Reserva Biológica do Rio Trombetas (Rebio Trombetas). As ações de manejo reprodutivo desses quelônios são realizadas anualmente na região dos tabuleiros do alto rio Trombetas e no Lago Erepecu, município de Oriximiná, no oeste do Pará.
O PQT é desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com a Mineração Rio do Norte (MRN) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Também conta com a fundamental parceria de mais de 100 comunitários quilombolas voluntários, totalizando 28 famílias, que trabalham na proteção, manejo e monitoramento de ninhos, ovos e filhotes nos tabuleiros de desova.
Este ano, o modelo do programa precisou ser readequado para atender as normas de segurança preventiva das autoridades de saúde por conta da pandemia de covid-19. O número de praias protegidas (chocadeiras) foi reduzido de 12 para 6. “Houve a necessidade de adaptação das ações, principalmente no que se refere à participação dos comunitários voluntários do programa. Essa redução não afetou o esforço da busca de ninhos e a efetiva proteção dos quelônios. Mantivemos em funcionamento as chocadeiras nas praias protegidas, onde as famílias voluntárias são residentes, evitando que elas tivessem que deslocar suas residências para praias protegidas para não ocorrer aglomeração de famílias diferentes em uma mesma área”, explica Marco Aurélio da Silva, coordenador de pesquisa e monitoramento do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Trombetas.
Tradicionalmente, os nascimentos dos filhotes de tartaruga-da-amazônia, tracajá e pitiú ocorrem a partir de novembro até o final de janeiro, dependendo da espécie na região do Tabuleiro e no Lago Erepecu. “Não podemos prever números, mas, apesar dos desafios adicionais impostos pela pandemia, esperamos para a temporada 2020-2021 um número maior de nascimentos do que a média dos últimos anos devido a alterações que realizamos em algumas áreas do PQT que viabilizaram a proteção de um número maior de ninhos desses quelônios”, declara Marco Aurélio.
Os filhotes nascidos nas praias protegidas são mantidos por 10 a 15 dias em cativeiro até serem liberados no ambiente natural para que tenham maior capacidade de fuga dos predadores naturais, aumentando, assim, a chance de sobrevivência dos quelônios no primeiro mês de vida. Durante toda a temporada, os filhotes nascidos são liberados em pontos estratégicos pelos agentes ambientais. Para os eventos de soltura, demonstrativos das atividades do programa no final da temporada, em geral, são reservados os últimos 10 mil filhotes a nascerem no ciclo de 2020.
Os eventos de soltura de grande porte foram suspensos este ano para evitar aglomerações neste período da pandemia. “Teremos apenas pequenas reuniões nas chocadeiras com um número menor de voluntários para fazer uma soltura simbólica com eles. Vamos manter a soltura gradual depois que os filhotes nascidos passarem 15 dias em cativeiro”, afirma Silva.
Adaptações - Nessa temporada, as famílias foram divididas em duas atividades: cuidadoras de chocadeiras e coletoras de ninhos. Essas últimas percorreram praias onde são encontradas desovas naturais, fizeram a coleta dos ovos e os levaram para as chocadeiras protegidas. Assim, o contato entre famílias diferentes foi bastante minimizado. Nesse ano, além dos tradicionais apoios de cesta básica de alimentos e víveres, combustíveis e materiais próprios para a busca e coleta de ninhos, também foi oferecido aos voluntários o kit covid com materiais de proteção como máscaras, protetor facial, álcool em gel e itens de higiene.
As ações do PQT ocorrem em duas frentes, a primeira pelos voluntários e a segunda frente pelo trabalho direto dos agentes do ICMBio que fazem o monitoramento e proteção de algumas praias com desovas naturais e também a busca e transferência dos ninhos em algumas áreas. “Complementarmente existe a efetivação de rotina de fiscalização por equipes de fiscais do ICMBio compostas de servidores provenientes de diversas regiões do país, inibindo a coleta ilegal de ovos e a pesca de quelônios adultos durante toda a temporada”, ressalta Silva.
Guardião de quelônios desde 1993, o agente ambiental do ICMBio Antônio dos Santos, conhecido como Sinho, da comunidade quilombola do Moura, em Oriximiná (PA), comenta que a experiência neste ano de pandemia exigiu adaptação e maior empenho da equipe do Instituto e dos voluntários, que contribuíram para manter produtivo o ciclo de nascimento dos filhotes. “Para evitar aglomerações de comunitários voluntários na Praia do Toró, tivemos que transferir a chocadeira que, nós, oito agentes, cuidávamos na base do Santa Rosa para lá e, de forma revezada, passamos a zelar pela praia. Achei que seria mais difícil ter produção boa, mas, graças a Deus, é uma grande alegria verificar que os ovos dos filhotes já eclodiram e nasceram. Outra satisfação é verificar que a maioria das pessoas daqui estão interagindo com o programa e se conscientizando para proteger os quelônios”, comemora.
Dedicação - Todos os voluntários do PQT são das comunidades quilombolas residentes da Reserva Biológica do Rio Trombetas como Último Quilombo, Nova Esperança do Lago do Erepecu e as comunidades da região dos tabuleiros do alto rio Trombetas, que participam ativamente. “É gratificante para a Mineração Rio do Norte acompanhar o engajamento destes comunitários que, mesmo apesar da pandemia, mantêm o compromisso com esse tão relevante programa realizado em nossa região”, declara Genilda Cunha, analista de Relações Comunitárias da MRN.
O PQT é um dos programas de conservação de fauna mais antigos do Brasil. Iniciado na década de 80, esse programa evitou a extinção das três espécies que são protegidas e soltas anualmente na bacia do rio Trombetas. “O PQT presta um relevante serviço de preservação dos quelônios, pois as comunidades locais têm o programa como exemplo de conscientização sobre a necessidade de conservação dos recursos naturais. A pandemia dificultou muito o planejamento das ações do PQT, mas demonstrou aos seus participantes que a soma de esforços entre comunidades, órgãos públicos, instituições de ensino e pesquisa e da iniciativa privada é o mais importante para o sucesso de um programa de conservação desse vulto”, conclui Marco Silva.