Em 2023, 81% dos inscritos na iniciativa da MRN são de comunidades tradicionais. Do total, 56% são mulheres
“Eu não imaginava que conseguiria entrar no mercado de trabalho agora”, relembra Hilary Santos, que está entre os 60 talentos que ingressaram no programa Jovem Aprendiz da Mineração Rio do Norte (MRN), em 2023. Do total de jovens selecionados, 49 são oriundos de comunidades quilombolas, localizadas no município de Oriximiná, oeste do Pará.
Realizada em parceria com o Serviço Nacional da Indústria (Senai), a iniciativa visa dar aos jovens da região a oportunidade de qualificação e experiência profissional, os preparando por meio de uma formação que envolve teoria e prática. Além disso, propicia que mulheres estejam inseridas em carreiras ainda ocupadas majoritariamente por homens, como na área de Manutenção.
“Meu foco mudou logo quando eu estudei sobre o programa no site da MRN e conheci os benefícios. Agora minha meta é me qualificar ainda mais”, revela Hilary. A jovem é do curso de Automação Industrial e conta que está muito satisfeita com a didática do ensino e as orientações repassadas durante as mentorias. “O que eu mais gosto é a aprendizagem de forma dinâmica. Isso quebra aquele gelo de ficarmos só escrevendo de maneira robótica. Saber que estou começando minha carreira profissional em uma empresa que é referência, me faz ter novos planos porque sei que isso me abrirá portas no mercado de trabalho”, afirma.
Da comunidade Boa Vista, o jovem Diego Santos ficou bastante emocionado ao saber da aprovação no processo seletivo do curso de Automação e já faz planos para o futuro. “A maneira como as aulas são conduzidas tem me ajudado muito, assim como as etapas de integração. Quero seguir construindo uma boa relação com meu gestor na empresa e, se eu me destacar, se possível, ser contratado”, planeja.
Acolhimento
As atividades práticas ocorrem nos laboratórios do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas e nas áreas operacionais e administrativas da MRN. O novo ciclo de aprendizes iniciou em janeiro deste ano e segue até abril de 2024, com os cursos de Operador de Manutenção Eletromecânica e Mantenedor de Sistemas de Automação Industrial. Ao final do ciclo, o aprendiz recebe um certificado de qualificação profissional, tendo como diferencial no currículo a experiência na empresa.
“Uma das fases mais importantes durante esse processo de chegada desses jovens é, sem dúvida, o Onboarding, ou seja, a integração que fazemos com cada área da empresa. Durante essa etapa, proporcionamos a eles uma visão global de nossa produção, integrando qualidade, meio ambiente, educação financeira e palestras educativas, como o uso de álcool e drogas e gravidez na adolescência. Além disso, eles passam por treinamentos de segurança e visitas à operação de mina, sala de monitoramento de barragens e reservatórios de disposição de rejeito. Vale ressaltar que mais da metade desses 60 jovens são mulheres”, explica, Rosanne Salgado, analista de Recursos Humanos e responsável pela condução do programa.
O processo de integração teve duração de 10 dias e, ao final, os aprendizes participaram de um bate-papo com o diretor de Operações, Rogério Junqueira, que explicou sobre o ciclo sustentável de produção bauxita e apresentou o projeto de continuidade operacional da companhia, o Projeto Novas Minas (PNM). “Abrir as portas da nossa empresa para esses jovens é sempre gratificante. São comunitários, filhos de empregados e cada um carregando uma história singular dentro de si. Queremos que eles saibam que são peças fundamentais dentro dessa grande engrenagem, principalmente nesse contexto, no qual queremos continuar fazendo o que fazemos muito bem: contribuir com o desenvolvimento, cuidando sempre do meio ambiente e das pessoas”, destaca.
Oportunidades
Dentre os muitos cases de sucesso, temos as histórias de quem passou pelo programa e foi contratado pela empresa, como a da operadora Gislaine Silva, natural da comunidade Boa Vista. Hoje, atuando na Usina de Geração de Energia da MRN, ela lembra que ficou sabendo do processo seletivo por meio das redes sociais e não pensou duas vezes em fazer a inscrição. “Logo de início foi bem difícil. Morava com meu pai na comunidade do Ajudante e vinha de rabeta todos os dias, fizesse chuva ou sol”, relata. A operadora destaca que os conhecimentos adquiridos durante a formação se mostram essenciais a cada dia. “Estar como empregada da MRN é motivo de orgulho. Eu acredito que, quando temos um sonho, temos que ter coragem para começar, força para buscar e humildade para alcançar”, comenta.
Outra comunitária que também vê sua trajetória de empregada sendo exemplo para ingressantes, é a eletricista Caroline Colé. Ela entrou na empresa como Jovem Aprendiz, com uma filha de pouco mais de um ano de idade, e conseguiu ser efetivada. “Para conquistar o que queremos, o estudo é imprescindível. As oportunidades aparecem, mas precisamos estar preparados. É perseverar e acreditar que tudo é possível, só depende de nós”, garante.