Os materiais são uma alternativa sustentável para auxiliar piscicultores de comunidades ribeirinhas
Piscicultores nos tanques
Com o objetivo de promover práticas mais sustentáveis na criação de peixe nas comunidades localizadas ao redor do médio rio Trombetas, no oeste do Pará, município de Oriximiná, a equipe do Projeto de Apoio à Piscicultura, da Mineração Rio do Norte (MRN), buscou uma forma de agregar valor e diminuir custos na construção de tanques, com o uso de garrafas PET (polietileno tereftalato) descartadas pela população. Para confecção de cada reservatório, são necessárias, em média, de 500 a 1.000 unidades, dependendo da estrutura do viveiro.
Doação de garrafas PET às comunidades
A maneira sustentável de fazer os tanques flutuarem sobre a água consiste em substituir as bombonas – equipamentos que auxiliam na estabilidade da estrutura – pelas garrafas PET de dois litros, material de fácil acesso e baixo custo, que são recolhidas durante a coleta de resíduos sólidos, no distrito de Porto Trombetas. “Além de conscientizar os comunitários sobre o reaproveitamento das garrafas e promover a educação ambiental quanto ao descarte correto do resíduo, é realizada a capacitação para ensiná-los a usar as garrafas com segurança, na fabricação dos tanques. Para isso, a equipe investiu em pesquisas em parceria com a universidade regional para otimizar essas construções”, explica Genilda Cunha, coordenadora do Programa de Educação Socioambiental (PES) da MRN.
A equipe técnica do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Ambiental (GPFA), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), elaborou um equipamento também com materiais reutilizáveis - uso de câmara de ar de pneus de bicicleta e bomba de ar - para encher as garrafas PET, e assim dar maior capacidade de flutuação aos tanques. “A utilização das garrafas de forma comum, apenas fechando com a tampa, não suportaria a pressão da água, e isso faria com que elas perdessem a sustentação dos tanques com o tempo. Nós aprimoramos as garrafas com ar comprimido para que elas se tornassem mais resistentes. O resultado foi a produção de um tanque mais estabilizado e com maior tempo de duração, com uma estimativa de até dez anos de uso”, afirma Miguel Canto, técnico em Aquicultura da UFOPA.
Tanques de cultivo de peixes da Dona Zuma
Para a moradora da comunidade Bacabal, Maria Mota, conhecida como Zuma, a ideia de substituir as bombonas pelas garrafas é mais econômica e segura aos criadores de peixes. “Antes, tínhamos que sempre trocar as bombonas entre três e cinco anos, ou até menos. Além disso, os tanques afundavam e tínhamos que ir atrás de material para construir novos. Agora, a mineradora traz as garrafas e colocamos no tanque, fica mais firme para trabalhar e dura mais tempo flutuando na água, além de ser mais seguro”, diz a piscicultora.
Francisca Gomes, da comunidade de Acapuzinho, conhecida como “Vovó Chiquinha”, vê no projeto uma forma de cuidado com o meio ambiente. “Há dez anos, eu trabalho com a criação de peixe e quando a equipe chega na comunidade é uma alegria porque é para colaborar com a melhoria da nossa produção. Dessa vez, é com o uso das garrafas. Muitas pessoas jogam as garrafas fora, às vezes de forma incorreta, poluindo o meio ambiente. Com essa ideia, elas estão sendo úteis para a comunidade e, ainda, diminui os nossos custos. É muito bom ter a doação das garrafas e com a ajuda da tecnologia deles junto com a nossa experiência, podemos fazer uma troca de saberes”, relata.
Sustentabilidade
Faz parte da cultura da MRN investir fortemente na gestão dos resíduos gerados em seus processos, assim como em ações sociais de incentivo à educação ambiental e à sustentabilidade nas escolas e comunidades. Segundo Nivaldo Silva, analista ambiental da MRN, a empresa trabalha de forma integrada entre diversas áreas e junto à população. “Nós sensibilizamos a todos sobre a forma correta do descarte do resíduo, desde a separação até as formas de higienização. No caso do descarte das garrafas, os moradores do distrito de Porto Trombetas fazem essa entrega da forma correta, o que colabora para triagem do material antes de enviarmos às comunidades. A população é parte integrante desse processo”, comemora.
Com as garrafas os tanques flutuam por mais tempo e duram mais
De acordo com o analista ambiental, em média, nove mil garrafas são coletadas por mês por meio da Central de Tratamento de Resíduos (CTR), em Porto Trombetas. Cerca de 50%, do total de garrafas, são direcionados para doação às comunidades, e as demais são enviadas para empresas recicladoras, movimentando outras cadeias de valor. A equipe de gestão de resíduos faz essa coleta e triagem.
Genilda Cunha acrescenta que, com a substituição das bombonas plásticas de 50 litros pelas garrafas PET de dois litros, há uma economia de cerca de R$ 35 mil que será redirecionada para projetos sociais em atendimento às condicionantes nas comunidades. “Se formos avaliar os custos das bombonas, visualizamos uma grande economia e mudança de valores no que se refere ao reaproveitamento e cuidado com ambiente. As garrafas são reaproveitadas e não temos custo adicional para consegui-las, pois são coletadas com os demais resíduos, sendo necessário apenas a triagem”, ressalta.
Projeto de Apoio à Piscicultura
A piscicultura é um dos ramos da aquicultura, que desenvolve o cultivo de peixes. Essa modalidade de criação cresceu muito nos últimos anos nas comunidades e movimenta uma parte importante da economia da região. O Projeto de Apoio à Piscicultura envolve as comunidades de Tarumã, Jacuraru, Bacabal e Acapuzinho e é mais uma das diversas ações de promoção da educação e apoio à geração de renda, que fazem parte do Programa de Educação Socioambiental (PES) da MRN. Esse programa atua na promoção da sustentabilidade ambiental nas regiões onde a empesa opera, contribuindo para a promoção de melhorias no cotidiano das comunidades, por meio do atendimento às condicionantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).